78% dos municípios que sediam escolas médicas não possuem a infraestrutura adequada 5e5o

Quase 80% dos 250 municípios que sediam escolas médicas no País apresentam déficit em parâmetros considerados essenciais para o funcionamento desses cursos. As lacunas incluem números insuficientes de leitos de internação, de equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e de hospitais de ensino. Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), essas estruturas devem estar presentes nessas localidades, favorecendo a criação de um ambiente favorável à formação adequada dos futuros profissionais. Sem essa disponibilidade, a qualidade do ensino fica comprometida. 58l4j

Os problemas afetam 196 cidades, que, juntas, abrigam 288 estabelecimentos de ensino superior de medicina, o que corresponde a 31 mil mil vagas (71% das 43 mil existentes no País). Em outras palavras, das 390 escolas em funcionamento, um total de 288 estão em áreas cuja infraestrutura não a sua presença. As informações fazem parte de um relatório elaborado pelo CFM que traça uma radiografia completa das escolas médicas no Brasil.

Para permitir o melhor monitoramento dessa evolução no ensino médico, o CFM disponibilizou os dados dessa radiografia no formato de dashboards disponíveis na plataforma Radiografia das Escolas Médicas. Nela, o interessado tem informações detalhadas e atualizadas sobre o sistema de formação em medicina no Brasil. Trata-se de ferramenta, útil para médicos, educadores, pesquisadores, gestores e o público em geral, facilitando a compreensão de dinâmicas e tendências da área.

Alarmantes – Os dados são alarmantes e inéditos. De acordo com normas defendidas pelo Conselho e outras entidades médicas nacionais, os municípios que sediam escolas de medicina deveriam ter, pelo menos, cinco leitos públicos para cada aluno; ter, no máximo, três alunos para cada equipe ESF; e possuir, ao menos, um hospital de ensino ou unidade hospitalar “com potencial para hospital de ensino”.

No entanto, a distância é grande entre o ideal defendido pelas entidades médicas e o que se materializa em cada localidade. Em 196 municípios (78%) que possuem escolas médicas não há número de leitos suficientes capaz de atender a razão preconizada. Um total de 112 localidades (46%) tem mais alunos nas equipes de saúde da família do que o recomendado; e 179 (72%) não dispõem de hospital de ensino.

Do conjunto de 390 escolas, 111 estão em municípios que não atendem os três requisitos mínimos; 191 estão em localidades que não atendem pelo menos dois dos itens apontados como fundamentais pelos médicos; e 197 não respondem a um dos critérios recomendados. Isso implica dizer que metade das escolas médicas brasileiras estão em situação de desconformidade com o padrão-ouro defendido pelo Conselho Federal de Medicina.

Abertura indiscriminada – A radiografia das escolas médicas no Brasil mostra, além de falta de infraestrutura adequada nos locais onde estão instaladas, o aumento desenfreado no número de faculdades e de vagas nos últimos anos. O trabalho constatou que, desde 2010, foram criadas 210 novas escolas médicas em todo o território nacional (150 particulares e 60 públicas). Esse número é superior ao total de escolas inauguradas em mais de 200 anos.

Entre 1808 e 2010, foram 180 unidades. Hoje, existem 390 escolas médicas em atividade no Brasil, distribuídas em 250 municípios, as quais, juntas, oferecem cerca de 42 mil vagas por ano. O País já conta com cerca de 600 mil médicos em atividade, o que dá uma média por habitante superior ao verificado, por exemplo, no Japão, Estados Unidos, China, México, Colômbia e Coreia do Sul.

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